segunda-feira, 26 de maio de 2008

Franklin Ramirez: 10

M: Você acha que a liderança centrada numa pessoa, como no caso de Chávez, pode ser bem sucedida a longo prazo?

F: Aí está o limite dos processos vividos principalmente na Venezuela, na Bolívia e no Equador e até na Nicarágua. Isso tem a ver com a força de um líder transformador, caudilhista, forte que não é acompanhado de uma construção política da mesma envergadura. No Equador, Correa e seu governo deram poucos sinais de que queriam construir um movimento ou partido político amplo e moderno, que sirva de base para formar novas lideranças para se conectar à sociedade. É a figura do líder que conduz e guia o processo. O conjunto do modelo político tem três pilares: presidentes fortes, sociedade com altas possibilidades participativas e alto controle popular, com um corpo intermediário, os parlamentares e partidos, que por sua pluralidade, são a peça fundamental da soberania popular, do pluralismo político da sociedade. Esses processos de mudança não receberam ênfase em termos de estabilidade democrática isso pode ser perigoso. O que acontecerá quando os governos progressistas saírem de cena e não houver uma posição forte nos parlamentos? O que acontecerá com as novas lideranças sociais quando esses 3 ou 4 caudilhos deixarem o poder? Há um risco democrático e um risco de continuidade dos processos políticos.
Fim.

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