terça-feira, 27 de maio de 2008

Questionamentos!

Franklin Ramirez nos coloca as seguintes reflexões:

O PT teria alcançado essa força, sem a figura forte e carismática de Lula?
O que acontecerá quando os governos progressistas saírem de cena e não houver uma posição forte nos parlamentos?
O que acontecerá com as novas lideranças sociais quando esses 3 ou 4 caudilhos deixarem o poder?


O que vocês acham?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Esquerda e Direita na América Latina




Essa semana vamos voltar nossas atenções para a América Latina, pois comecei o blog postando sobre o Paraguai, e seria interessante retornarmos o assunto do ponto de vista do significado da eleição de Lugo, oitavo presidente de esquerda eleito na América Latina. Existe esquerda boa e esquerda ruim? E o recente acordo Irã-Colômbia passa a significar o quê? Para começar transcrevo uma entrevista do cientista político equatoriano Franklin Ramirez, que assisti no programa MILÊNIO, na Globo News, o qual me deixou muito satisfeita com o teor da conversa e apesar da trabalheira que deu transcrever toooooda a entrevista fiquei muito feliz por que aprendi muito. Vale a pena conferir no site da Globo News a entrevista, mas resolvi registrar por escrito para ficar ainda mais acessível a quem tem net lenta. Abraços a todos e a todas minhas três leitoras, RS.


O cientista político Franklin Ramirez fala sobre o que é ser de esquerda e direita no mundo globalizado e, explica por que a política latino-americana vem se repetindo nos últimos dez anos:

Franklin Ramirez: 01

M: Queria começar com uma definição mais clara sobre os conceitos de direita e esquerda no mundo globalizado de hoje onde os terrenos não são tão definidos quanto no século passado e onde as políticas se misturam.
Como definir esses campos de direita e de esquerda?
R: Acho que, embora os campos políticos e ideológicos não sejam tão delimitados como antigamente, há valores e princípios políticos que ainda diferenciam uns campos de outros. Mas não há uma unidade forte de direita e de esquerda, há valores e princípios que são reivindicados por políticos, por movimentos de direita e esquerda e que guiam seus eleitores, os cidadãos, a sociedade... Nesse sentido há dois valores fortes que a esquerda voltou a reivindicar com a mudança de século e a sociedade globalizada. O primeiro, eu diria, é a igualdade, o valor que deu origem à esquerda, que originou o progressismo, a Revolução Francesa, a idéia de abolição, dos privilégios, a idéia de que todos devem ter a mesma chance de exercer suas liberdades e faculdades. Esta idéia de igualdade está mais articulada com o princípio da auto-realização, com a liberdade de se auto-realizar e não só com a idéia de não sofrer a interferência do Estado. Este princípio de redistribuição igualitária voltou à cena política, principalmente na América Latina. Outro princípio forte no âmbito da globalização tem a ver, com a recuperação de noção da soberania nacional, da soberania popular. É um princípio situado historicamente no contexto da abertura de mercados, de enfraquecimento de alguns estados nacionais, de várias instituições internacionais influentes na política econômica e estrutural dos Estados, principalmente no hemisfério sul. Este princípio de soberania no séc.XXI não se limita a afirmar a soberania dos estados sobre a sociedade. É um princípio de autodeterminação dos povos, da sociedade, que não se apresenta como no século passado, como uma sociedade fechada em si mesma. As esquerdas latinas, no governo ou não, vem implementando há mais de uma década o princípio da integração regional como um processo estruturante de um novo cenário político e econômico. Não é apenas o efeito de alianças nacionais entre estados. É uma pré-condição para que os estados possam avançar em suas agendas políticas e econômicas. É uma mistura de soberania popular, nacional, sem se fechar em si mesma, mas buscando uma projeção regional, como plataforma política, como condição política para abrir a negociação de reformas progressistas no mercado internacional, com instituições internacionais, como os Estados Unidos e entre os estados.

Franklin Ramirez: 02

Forma como o Jornal Extra, do Rio de Janeiro, publicou matéria emque Lula e Cabral entregavam à polícia carros para o Pan 2007. A imprensa divulgou que a segurança estava sendo maquiada para o evento.

M: Para definir melhor a direita, quais são os valores que orientam esses campos?


R: O principal valor defendido pela direita, atualmente e desde a década de 1990 é a idéia do princípio de liberdade individual, a idéia de segurança, associada à idéia de liberdade como não-interferência. A segurança política confere estabilidade para o mercado, mas há a idéia de segurança como um valor que chega a se sobrepor ao princípio da liberdade, principalmente depois do 11 de setembro nos EUA. A segurança permeia o discurso de políticos locais, prefeitos, governos e de movimentos sociais, incluindo aqueles que surgem com esse discurso, que além de tudo desconserta a esquerda. A esquerda não tem capacidade de reagir. Ela apresenta apenas uma resposta convencional: “Primeiro resolvemos os problemas econômicos. Com isso a questão da segurança se soluciona.” Mas as coisas não são bem assim. O problema da violência e da insegurança tem uma lógica própria, que exige respostas e políticas públicas específicas.

Franklin Ramirez: 03

Manifestantes frente ao Palácio de Carondelet, no Equador, após o
Congresso destituir o presidente Lucio Gutiérrez,
20 de abril de 2005. (Foto: Guillermo Granja/Reuters)
M: O quadro político na América Latina mudou muito. Você diz que: “Nunca antes, partidos, coalizões ou movimentos políticos tidos como de esquerda conseguiram se eleger democraticamente quase ao mesmo tempo para ocupar o governo de tantos países.” Como explicar essa simultaneidade?


R: Há um fator estrutural e histórico relacionado ao fim do ciclo de reformas neoliberais, das políticas de consenso de Washington para gerar maiores níveis de bem-estar social ao povo. Os efeitos foram medíocres em quase todos os países. Progressivamente as sociedades latinas se desencantaram com políticas que já haviam apoiado. O desencanto estava ligado aos baixos rendimentos econômicos. E há um terceiro fator: há uma distância estrutural da agenda econômica, o que gera um desgaste cada vez maior na classe e nos partidos políticos. Na queda De La Rua em 2001, ouvimos nas ruas estas frases: “Fora todos”, “Nenhum deve ficar”. Em 2005 na queda de Lúcio Gutierrez, no Equador, escutou-se a mesma frase: “ Fora todos”. A sociologia fala de contágio de discursos, contágio de repertório de ação, mas o contágio não se dá no vazio, e sim no âmbito de processos estruturais, mais ou menos homogêneos e comparáveis. Isso se articulou no fim dos anos 90 com a chegada de partidos progressistas tradicionais, como o PT no Brasil; Frente Amplia, no Uruguai; até o Partido Socialista Chileno...

Franklin Ramirez: 04

Os presidentes Rafael Correa (Equador), Evo Morales (Bolívia), Lula (Brasil), Michelle Bachelet (Chile), Hugo Chávez (Venezuela) e Nicanor Duarte Frutos (Paraguai), durante encontro na 32ª Cúpula do Mercosul/2007


M: E os movimentos Sociais...

F: E como o surgimento de líderes não-oriundos dos partidos clássicos como Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa, mas que estavam próximos aos movimentos sociais. Não são os mesmos atores sociais, com o mesmo histórico, o mesmo nível universitário, a mesma cor de pele dos atores sociais dos anos 90. Alguns estudos eleitorais sobre o voto nas últimas eleições na América Latina mostram que há um apoio dos setores...

Franklin Ramirez: 05


"Tive uma infância dura, e meu pai, desempregado, levou drogas para os Estados Unidos e foi preso. Passou três anos e meio numa prisão."Rafael Correa, presidente do Equador, confirmando revelação sobre seu pai, morto há treze anos, feita pelo deputado oposicionista Luis Almeida.



M: Há uma identificação...

R: Há uma identificação étnica, social, sociológica, que confere forte apoio popular a esses governos das classes mais baixas. Os novos governos recuperam um voto perdido nos anos 90 para líderes fortes e carismáticos como Menen, Fugimori, Collor. Foram líderes fortes, apoiados por setores populares. Mas esse voto foi recuperado por líderes de esquerda, e não foi um fato isolado.Esses líderes ganharam 2 ou 3 eleições... Isso significa que não é apenas uma condição de caudilho. Há alguns processos políticos que tomam forma através dessas lideranças. Evo Morales venceu duas eleições, Rafael Correa venceu uma, Lula ganhou duas eleições, assim como Kirchner e como o socialismo chileno. Chavéz já ganhou nove ou dez eleições. Há algo mais do que a figura do caudilho, embora a figura do caudilho seja importante em todos esses processos políticos.

Franklin Ramirez: 06


Ninguém melhor para vencer o desafio de escrever uma biografia de Che Guevara do que o mexicano Jorge Castañeda. Respaldado por sua larga experiência no estudo da esquerda latino-americana, ele seguiu as pegadas do revolucionário desde que este era apenas um garotinho até seu sacrifício final nas mãos do exército boliviano.


M: Muitos intelectuais latino-americanos, a começar pelo ex-ministro das Relações exteriores do México, Jorge Castaneda e também Carlos Fuentes, André Oppenheimer adotaram uma divisão dicotômica e maniqueísta das esquerdas nos governos latinos – uma esquerda má e uma esquerda boa – dependendo dos pontos de vista. O que acha desses critérios?


F: A tese das duas esquerdas surgiu em 2004, 2005. Castaneda foi o primeiro a tratar da questão. Para a boa esquerda, a esquerda racional, sempre segundo Castaneda, há uma visão de que a mudança tem que ser gradual, negociada através de canais institucionais. Nem sempre as mudanças são possíveis. Há uma visão mais austera e pragmática da política. Enquanto isso para a esquerda má e populista, as mudanças podem e devem ser radicais, totalizadoras, sem negociação, sem consenso e sem intermediação institucional.

Franklin Ramirez: 07


M: Mas com exceção de Cuba, nenhum desses países, deu sinais de que romperiam com as instituições ou com a estrutura de acúmulo capitalista...


F: O problema da tese das duas esquerdas é que não há uma análise histórica concreta do que ocorre em cada país. Há muito mais do que duas esquerdas.


M: Há pontos de contatos...


F: Sim, há pontos semelhantes. Mas cada governo, cada coalizão política, que ocupa o governo, responde a uma conjuntura nacional particular, responde às heranças institucionais políticas, do neoliberalismo, e também responde à capacidade de mobilização que os governos têm na sociedade de acordo com a força dos movimentos sociais e da participação social no conjunto. Estas variáveis são diferentes em cada país, e muito. Não se pode esperar que o governo de Michele Bachelet se apóie nas mobilizações sociais, nas organizações populares, em se tratando de um sistema político forte, com ação coletiva de movimentos sociais que não têm a contundência do caso boliviano, que desempenha um papel dinamizador da agenda política, que até arrisca a estabilidade do sistema político, mas que também soube ativar a conexão entre sistema político e cidadania. Não são os mesmos perfis. Quando Castaneda e companhia dizem que Chavéz quer ir além do capitalismo...Chavéz tem uma boa relação com os bancos privados. Os bancos cresceram muito em seu país. Teve lucros incríveis nos últimos anos. A relação com as petroleiras, inclusive com os EUA, é igual: o comércio está aberto. Chavéz sempre fala disso, não mudou. O padrão de acúmulo da economia venezuelana, que não nasceu com Chávez, e sim, com Carlos Andréz Perez, nos anos 70, sem manteve. É uma política baseada no capitalismo de estado com grande capacidade de retribuição à sociedade, com baixa diversificação produtiva, em setores como agricultura e alimentos. A Venezuela importa quase tudo. O padrão da política econômica que privilegia as finanças em detrimento da produção não foi modificado. O que mudou muito na Venezuela foi o padrão de redistribuição social. O governo da revolução bolivariana, como Chávez gosta de se autodenominar, teve uma política de distribuição voltada ao povo. Nem sempre foi muito eficaz, o que é um problema grave do Estado Venezuelano. É um problema da eficácia do aparato estatal, que não se compara, por exemplo, ao nível de expertise e institucionalização do estado social brasileiro.

Franklin Ramirez: 08

M: Esses são justamente os países mais polarizados, que enfrentam grande polarização da sociedade e uma instabilidade política. Os governantes tendem a culpar a instabilidade política como sendo obra dos EUA e do conservadorismo de suas elites. Mas os críticos falam também de uma ausência de visão estratégica, de incompetência desses governos. Quem tem razão?

F: Os dois argumentos têm razão. Efetivamente os setores políticos tradicionais, as elites conservadoras, os partidos que dominaram a vida política desses países nos últimos anos não entraram em uma lógica de negociação, não se adaptaram ao processo de mudança. Eles mantêm um discurso, uma histeria política muito exacerbada, em relação às ações tomadas por esses governos progressistas. Por outro lado os novos líderes desses países levaram seus discursos ao extremo sem favorecer um ambiente de negociação política. Venezuela, Bolívia e Equador são regidos por governos de esquerda após o colapso do sistema de partidos. No caso do Brasil, Uruguai e Chile os governos de esquerda chegam através do sistema partidário. Não há mediação institucional. No Equador os partidos que ficaram 30 anos no poder já saíram de cena nas últimas eleições da Assembléia Constituinte, dos 130 votos eles conquistaram 30. Na Venezuela o bipartidarismo que surgiu com o Pacto do Ponto Fixo não existe mais. Na Bolívia os partidos que governaram nos anos 90 estão enfraquecidos nacionalmente embora tenham certa força regional. A perda da capacidade de mediação das instituições antecedeu a chegada desses governos. Mas os conflitos na Bolívia, na Venezuela e no Equador são diferentes. A polarização não é tão grande no caso equatoriano. No caso equatoriano não há uma mobilização social da oposição como se viu nos últimos meses em Santa Cruz, Bolívia, como se viu com o referendo na Venezuela, para a reforma constitucional. Há conflitos e tensão política, sem haver uma polarização da ordem social.

Franklin Ramirez: 09

M: No caso do Equador, em que o presidente Correa será estado até junho, quando a nova constituição estiver pronta, você fala de uma guinada caudilhista. O que isso pode representar?

F: Todos esses processos têm ares caudilhistas, mesmo na esquerda “racional” brasileira, a figura de Lula é fundamental para o processo político. O PT teria alcançado essa força, sem a figura forte e carismática de Lula? Acho que não. Mas Lula existe em um sistema político consolidado, com partidos, com longa trajetória, com um Estado eficaz, com instituições, com tecnocracias consistentes independentemente dos limites que possa ter. Nos outros países os liderem chegaram ao poder, sem partidos ou com partidos novos e com estados obsoletos e debilitados pelo processo neoliberal dos anos 90. Além disso, os líderes caudilhos de esquerda se associam ao modelo presidencialista que impera na América Latina.

Franklin Ramirez: 10

M: Você acha que a liderança centrada numa pessoa, como no caso de Chávez, pode ser bem sucedida a longo prazo?

F: Aí está o limite dos processos vividos principalmente na Venezuela, na Bolívia e no Equador e até na Nicarágua. Isso tem a ver com a força de um líder transformador, caudilhista, forte que não é acompanhado de uma construção política da mesma envergadura. No Equador, Correa e seu governo deram poucos sinais de que queriam construir um movimento ou partido político amplo e moderno, que sirva de base para formar novas lideranças para se conectar à sociedade. É a figura do líder que conduz e guia o processo. O conjunto do modelo político tem três pilares: presidentes fortes, sociedade com altas possibilidades participativas e alto controle popular, com um corpo intermediário, os parlamentares e partidos, que por sua pluralidade, são a peça fundamental da soberania popular, do pluralismo político da sociedade. Esses processos de mudança não receberam ênfase em termos de estabilidade democrática isso pode ser perigoso. O que acontecerá quando os governos progressistas saírem de cena e não houver uma posição forte nos parlamentos? O que acontecerá com as novas lideranças sociais quando esses 3 ou 4 caudilhos deixarem o poder? Há um risco democrático e um risco de continuidade dos processos políticos.
Fim.

domingo, 25 de maio de 2008

Circuito dos poetas em Recife



Semana passada assiti na Globo News essa reportagem e gostei muito, acho que vale a pena acessar:
De Clarice Lispector a Chico Science, grandes artistas são lembrados nas ruas do Recife. São músicos, poetas, escritores que nasceram ou viveram na capital de Pernambuco e ganharam lugar cativo.

Cannes dá prêmio de melhor atriz a brasileira

A revelação brasileira Sandra Corveloni consagrada em Cannes
Há 4 horas


CANNES, França (AFP) — A brasileira Sandra Corveloni teve a carreira voltada para o teatro antes de encarnar uma comovente mãe de família em "Linha de Passe" de Walter Salles e Daniela Thomas, seu primeiro papel no cinema, pelo qual obteve neste domingo o prêmio de melhor interpretação feminina no 61º Festival de Cannes.
O prêmio é "totalmente inesperado porque o nosso é um filme coletivo, feito a quatro mãos, e um pouco como 'Rocco e seus irmãos' fala de cinco personagens; o sexto é a cidade de São Paulo", declarou Salles à AFP após a entrega de prêmios.
"Ver que grandes atores como Sean Penn, ou mesmo Jeanne Balibar ou Natalie Portman destacaram a atuação da atriz brasileira é emocionante porque sabemos quem é Sandra, uma atriz que nos pareceu extraordinária desde o primeiro teste", acrescentou.
"Isso aconteceu, principalmente, dez anos depois do prêmio de interpretação dado a Fernanda Montenegro em 'Central do Brasil' (no Festival de Berlim) e é incrível que este milagre pudesse se repetir", lembrou emocionado.
Walter Salles e Daniela receberam o prêmio em nome da atriz que não foi a Cannes, por ter perdido um bebê recentemente.
Daniela Thomas fez um pronunciamento em português, enviando uma mensagem de solidariedade à atriz.
Nascida em 1965 em São Paulo, Sandra Corveloni, uma morena de olhar voluntarioso, trabalhava no teatro até se juntar ao grupo de Eduardo Tolentino, atuando ao mesmo tempo como atriz e assistente.
Debutou no cinema em curtas-metragens "Flores Ímpares" de Sung Sfai e "Amor" de José Roberto Torero.
Em "Linha de Passe", ela faz o papel de Cleuza, mãe de família de um bairro popular de São Paulo, que vive às voltas com problemas financeiros, mas estando sempre disponível para seus filhos. Sua atuação sóbria e tocante emocionou o júri.
Rodado com um pequeno orçamento, o filme acompanha também as expectativas e os sonhos abortados dos quatro filhos de Cleuza.
Dario, por exemplo, queria ser jogador mas vê com angústia chegarem os 18 anos, que cortarão suas esperanças de tornar-se profissional; Dinho trabalha num posto de gasolina e freqüenta com assiduidade a igreja do bairro; Denis vai de uma namorada a outra e sobrevive.
O mais jovem, Reginaldo, sai à procura de um pai desconhecido que sabe ser motorista de ônibus.
Grávida de um quinto filho, Cleuza perde seu emprego de diarista, mas se dedica, com todas as forças, a embelezar o cotidiano de seus filhos.
Com este filme de ficção realista, comovente e sóbrio, o cineasta Walter Salles disse querer fugir da grande dramatização, evitando fechar seus personagens num determinismo social, mas com um olhar direcionado à juventude brasileira. Evita todos os tópicos sobre a juventude condenada à violencia.
A própria existência do filme é considerado um milagre porque não tem atores conhecidos mostrando, por trás das câmaras, uma equipe muito jovem, segundo os dois diretores.

Contador de Homicídios - Recife

Contador de Homicídios*
Registros do dia: 12
Registros do mês: 274
Desde 1 de janeiro de 2008 : 1785
*Atualizado diariamente ao meio-dia.
Fonte: http://www.pebodycount.com.br/home/index.php

sábado, 24 de maio de 2008

Essa semana, do Eta a Picasso!

Essa semana comecei a postar no blog a partir da notícia de prisão do líder do ETA. Então comecei a lembrar da época em que o Eta, as Farc, a Guerrilha do Araguaia e tantos outros movimentos eram simpáticos pelo ideal que nos tocava. Então comecei falando do "país basco", depois Guernica, e fiquei muito emocionada ao ler o manifesto do prefeito depois do ataque da segunda negra. E Guernica lembra Picasso. E Picasso tem tantas fases que só deu pra pincelar cada uma. Espero que tenham uma boa leitura.A fonte da parte de arte é o livro de História Geral da Arte, de H.W. Janson, em 3 volumes, o qual me acompanhou nas aulas de história da arte, e que gosto muito. Também foi fonte a coleção da Publifolha em que cada autor merece um livro, que gentilmente ganhei de uma amiga.
Quem quiser passear de uma forma breve pela história de Picasso acessar:

Picasso: fase azul

Fase mais introspectiva. Durante o período azul, Picasso estilizou o desenho e abordou temas como o abandono, a solidão e a morte. Também produziu cenas ambientadas nos prostíbulos de Barcelona. Em 1903 viveu o ano mais fecundo dessa fase, quando pintou "A Vida", o auge do período azul.

A Vida - Picasso

197 x 127,3 cm

The Creveland Museum of Art, Cleveland(EUA)

Repleto de simbolismos, este quadro foi interpretado como uma alegria do amor sagrado e do amor profano (a tela confronta um jovem casal seminu e a uma mãe vestida com um bebê em seus braços), do ciclo da vida e da carreira do pintor moderno. Talvez mescle tudo isso, e o dedo o rapaz, como nas imagens de São João Batista, indique a mudança que será registrada na trajetória artística de Picasso.

Picasso: fase rosa


Aos poucos a frieza do azul cedeu espaço para cores mais quentes. Após uma série de obras de transição no final de 1904 Picasso retratou em várias telas os saltimbancos do circo Médrano, instalado próximo de seu ateliê.

A família de Saltimbancos - Picasso

1905

212,8 x229,6 cm

The National Gallery of Art, Washington (EUA)

Picasso: Les Deimoselles d'Avignon

Les demoiselles d'Avignon
1907
234,9 x 233,7 cm
The Museum of Modern Art, Nova York (EUA)


O título do quadro não se refere à cidade do mesmo nome, mas sim à rua de Avignon, em um bairro mal-afamado de Barcelona; Picasso tinha a intenção de representar uma cena de bordel, mas acabou fazendo uma composição de cinco nus e uma natureza morta. Mas que nus! As figuras indefinidas de Matisse em "Alegria de Viver"(quadro postado abaixo), parecem perfeitamente inócuas comparadas a esta selvagem agressividade.
Picasso tinha descoberto a estética da escultura da África e da Oceania, assim usou a arte primitiva como um aríete contra a concepção clássica de beleza.
A "destruição" é perfeitamente sistemática. Os ângulos do novo estilo foram chamados pelos críticos de "cubismo".

Picasso: para entender "Les Demoiselles"

Banhistas (Les grandes baigneuses) - Paul Cézanne
1906
127,2 x 196,1 cm
The National Gallery, Londres (Grã-Bretanha)

O Banho Turco - Ingres

Picasso: o cubismo facetado

Retrato de Abroise Vollard
1910
92 x65 cm
Museu Pushkin, Moscou (Rússia)




Retrato de Ambroise Vollard - Paul Cézanne
1899
103,3 x 81,3 cm
Musée du Petit-Palais, Paris (França)
Ambroise Vollard (1866-1939) era o mais prestigiado dos "marchands" franceses. Grande amante da arte, impulsionou a carreira de pintores impressionistas(Renoir), pós-impressionistas (Gauguin e Cézanne) e fauvistas (Matisse e Vlamink). Foi ele que organizou a primeira grande exposição de Picasso em 1901 e em 1906 comprou a maioria se seus quadros da fase rosa.
Nesse quadro as facetas são pequenas e nítidas, quase prismas, e a cor é reduzida ao mínimo, aproximando-se da monocromia. O cubismo torna-se abstrato!

Picasso: as colagens cubistas


Jornal, cachimbo e óculos - Georges Braque
1913
The Philadelphia Museun of Art


Natureza-morta em fundo de palhinha - Picasso

1911-1912

0,27 x 0,35 m

Coleção do Artista

Picasso: fase pós-cubista



1925
Óleo sobre tela
215 x 142 cm
The Tate Gallery, Londres(Grã-Bretanha)
Uma tela nova e transgressora.
Por esta altura, Picasso já era internacionalmente famoso. O cubismo espalhara-se por todo o mundo ocidental e influenciava não só outros pintores como também escultores e até arquitetos.
Para ter uma idéia de como Picasso chegou nessa fase, é necessário ver dois quadros dele: A mãe e o filho e Os três músicos. O primeiro é uma volta à tradição clássica e o outro em que Picasso apresenta um estilo de papel cortado, que até primeira vista não sabemos se é pintura ou colagem.
Alguns anos mais tarde, os dois estilos paralelos iriam convergir em uma extraordinária síntese que desde então se tornou a base de sua arte. Esse quadro mostra essa faceta, pois, estruturalmente é puro cubismo de colagens, incluindo até imitações pintadas de determinados materiais - papel de parede com motivos e amostras de vários tecidos, cortados com tesoura de picotar. Mas as figuras, numa extraordinária e fantástica versão de um tema clássico(comparar com as dançarinas de A Alegria de Viver, de Matisse).
A sua identidade original já não interessa - peitos podem tornar-se olhos, os perfis fundir-se com vistas frontais, as sombras tornar-se substâncias ou vice-versa, em uma interminável sucessão de metamoforses.
"Trocadilhos visuais" proporcionam possibilidades inteiramente inesperadas de expressão - humorística, grotesca, macabra e até trágica).

Picasso - para entender "As três bailarinas"



A Mãe e o Filho - Picasso
1921-1922
0,965 x 0,711m
The Alex L. Hillman Family Foundation, Nova York.
Os Três Músicos -Picasso
1921
2 x 2,23 m
The Museum of Modern Art, Nova Iorque.




A Alegria de Viver - Henri Matisse
1905-1906
1,74 x 2,28 m
Barnes Foundation, Merion, Pennsylvania

Fase final

O pintor e seu modelo
1963
Óleo sobre tela
130 x 162 cm
Coleção particular, Nova York (Estados Unidos)

Picasso morreu em 8 de abril de 1963, aos 91 anos.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Guernica - Pablo Picasso

Guernica -Pablo Picasso- 1937
Óleo sobre tela
351 x 782,5 cm
Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madri(Espanha)



Toda a lateral inferior esquerda do quadro é ocupada por uma figura totalmente mutilada, que pode ser assemelhada uma espécie de guerreiro. Repare que, apesar de ter a cabeça e os braços cortados, o guerreiro está agarrado a uma espada quebrada, simbolizando assim a resistência do povo espanhol. Próxima a sua mão, ainda contraída em torno da espada quebrada, encontra-se uma flor, símbolo da esperança de uma nova era. A flor, símbolo da esperança, quase que unida à espada, símbolo da resistência, juntas, podem transmitir uma mensagem do tipo: "enquanto houver resistência haverá esperança".




No lado esquerdo da tela encontra-se o touro. Essa é também é uma figura ambígua, pois nele pode estar representada a resistência do povo espanhol. No entanto, o touro, que representa brutalidade, pode simbolizar o general Franco. Repare que o touro está parado, abanando a cauda, como se, "após um ataque bem-sucedido", recuasse para ver os "estragos feitos no adversário" e se preparasse para o próximo ataque.

Na parte central do quadro, vemos um cavalo em agonia.

Repare que ele está caído de joelhos, como se estivesse sentindo as terríveis dores causadas pela lança fincada em seu corpo e por uma enorme ferida ainda aberta.
A cabeça do cavalo está voltada para o touro. Da boca do cavalo parece sair um rugido feroz, um misto de ira e dor. Repare que esse "urro" parece estar direcionado para a figura do touro, ao lado.



Uma vez questionado sobre a ambigüidade existente entre as figuras do touro e do cavalo Picasso disse: "Este touro é um touro, este cavalo um cavalo (...). É preciso que o público, os espectadores, vejam no cavalo, no touro, símbolos que eles devem interpretar como os compreendem".

(extraído da obra Mundo; Homem; Arte em Crise de Mário Pedrosa)


Ao lado da lamparina, sobre a cabeça do cavalo, está uma espécie de lâmpada elétrica. Devido ao seu formato de sol, essa figura pode sugerir o "olho de Deus", que vê tudo vê.

Repare ainda que até mesmo essa luz parece "gritar de horror".



No centro superior da tela, próximo à cabeça do cavalo, existe um braço, que se parece como uma nuvem. A sua mão disforme segura uma lamparina a óleo, muito comum nas casas de camponeses.

Essa lamparina emana uma luz suave, que talvez represente a luz da consciência.


A guerra civil espanhola despertou em Picasso uma viva solidariedade com os Republicanos. O painel, executado para o pavilhão da República Espanhola na Exposição Internacional de Paris, foi inspirado no terrível bombardeio de Guernica, a antiga capital dos bascos. Não representa o próprio acontecimento, mas evoca, por uma série de poderosas imagens, a agonia da guerra total.


A destruição de Guernica foi a primeira demonstração técnica de bombardeios de saturação, mais tarde empregada, em grande escala, na Segunda Guerra Mundial. O mural constitui assim uma visão profética de desgraça - a desgraça que nos ameaça ainda mais hoje, nesta era de guerra nuclear. O simbolismo da cena resiste a uma interpretação precisa, apesar de vários elementos tradicionais: a mãe e o filho morto são os descendentes de Pietá, a mulher com a lâmpada lembra a Estátua da Liberdade, e a mão do cadáver empunhando ainda uma espada partida é um emblema bem conhecido da resistência heróica. Também sentimos o contraste entre o ameaçador touro de cabeça humana,que certamente representa as forças do mal, e o cavalo agonizante.


Estas figuras devem a sua terrível eloquência àquilo que são, e não àquilo que representam. As distorções, fragmentações e metamoforses anatômicas, que nas Três Dançarinas parecem arbitrárias e fantásticas, exprimem agora uma crua realidade - a realidade da dor insuportável. A prova final da validade da colagem(aqui em "recortes" planos e justapostos, em preto, branco e cinza) é a sua capacidade de transmitir emoções tão avassaladoras.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

PAÍS BASCO - ORIGEM


A região ocupada pelos bascos situa-se no norte da Espanha e noroeste da França. Presume-se que o povo basco tenha ocupado a Península Ibérica por volta do ano 2000 a.C. e tenha resistido as constantes invasões sofridas pela região ao longo dos séculos. Apesar da dominação romana, os bascos mantiveram sua língua, costumes e tradições, num processo de constante resistência. A língua basca não tem parentesco com nenhuma outra no mundo e embora seja a língua mais antiga falada hoje na Europa, o vasconço somente constitui-se como língua escrita no século XVI e reforçou o sentimento de união do povo.Entre os séculos XV e XVI a região foi submetida à Espanha, finalizando o processo de formação do Estado Monárquico, que havia sido iniciado com o casamento dos reis católicos Fernando e Izabel.

PAÍS BASCO - GEOGRAFIA



EUSKAL HERRIA, VASCONIA ou PAÍS BASCO
É um espaço ou região cultural européia situada aos dois lados dos Pirineus e que inclui teritorios do estado espanhol e frances. É conhecida como Euskal Herria ou Vasconia o espaço no qual a cultura basca se manifesta em toda a sua dimensão (ver mapa).
O lado norte dos Pirineus (conhecida como Iparralde) é formada por Lapurdi, Baja Navarra Zuberoa, territorios que na organização administrativa francesa fazem parte do Departamento dos Pirineus Atlanticos.
O lado sul (conhecido como Hegoalde) é composta por Navarra , Álava, Bizkaia e Gipuzkoa, conformando a primeira a Comunidad Foral de Navarra e as três ultimas a Comunidad Autónoma del País Vasco.
A extensão que ocupa Euskal Herria o Vasconia é de 20.664 km2, (menor que o menor dos estados brasileiros, o Segipe) e soma uma população aproximada de 3 milhões de habitantes. Seu clima é o temperado.
Euskal Herria o Vasconia limita ao Norte com o mar Cantábrico , ao nordeste com o Departamento frances de Las Landas ao leste com a região francesa de Bearn. Os outros limites do território de Euskal Herria estão em contato com as seguintes comunidades autônomas espanholas: ao oeste com Cantabria e Castilla-León, ao sul com Castilla-León, a Rioja e Aragón, e ao leste com Aragón.
O País Basco está dividido adimnistrativamente em sete territórios: quatro na Espanha (Araba, Biskaía, Gipuzkoa, Navarra) e três, na França (Lapurdi, Nafarroa Beherea e Zuberoa).
As principais cidades são: Bilbao (Bilbo), Vitória (Gasteiz), San Sebastian (Donostia), Pamplona (Iruña), Baiona...Na língua do país, o País Basco é chamado “Euskal Herria”, que significa “o povo que fala o Euskara”.

PAÍS BASCO - LÍNGUA

Uma das características mais importantes do povo basco é sua língua própria, Euskara. É uma raridade lingüística, sem parentesco com nenhuma das línguas faladas na Europa e mais antiga que todas elas. Esta língua que ao que parece já existiu em tempos pré-históricos, foi falada em regiões que ficam fora dos limites do atual País Basco, tanto ao norte e ao /sul, como ao leste e ao oeste do mesmo. A área do Euskara foi recuando ao longo dos séculos, inclusive dento dos limites do País Basco, onde hoje, apesar de nativo é minoritário pois predominam o castelhano ou o francês, conforme os casos. Faz 150 anos, o Euskara era falado por mais da metade da população do país. Hoje, a despeito dos esforços dos últimos anos para a promoção desta língua, o número dos que falam não passa dos 25%.

GUERRA CIVIL ESPANHOLA 1936-1939



Guerra Civil Espanhola (1936-1939) contribuiu para fortalecer o nazi-fascismo na Europa. O conflito teve início quando a monarquia da Espanha foi substituída pelo regime republicano de tendência socialista. Contra o novo governo levantaram-se os falangistas, simpatizantes do nazi-fascismo, liderados por Francisco Franco.Os falangistas, que lutavam contra o socialismo, tiveram o apoio militar e financeiro dos governos italiano e alemão, empenhados, desde que assumiram o poder, na luta anticomunista, e que aproveitaram a oportunidade para testar novos armamentos e equipamentos militares. O governo republicano foi vencido e instaurou-se um governo totalitário liderado por Franco.
O apoio de Hitler a Franco ocorreu por dois motivos básicos:
primeiro porque os nazistas não precisariam investir muito neste apoio. O que Franco queria era apenas alguns aviões e armas;
o segundo motivo, e o mais significativo para Hitler, é que, se Franco conseguisse conter o comunismo na Espanha, desestimularia também as tentativas de se implantar o bolchevismo ou sovietismo na França.
· Desde de o início, o conflito baseou-se na ocupação de Madri, que, de imediato, foi ocupada pelas tropas de Franco. Os revoltosos dominaram ainda a região da Andaluzia, ocupando Mérida e Badajoz. Os republicanos, por sua vez, ocuparam a fronteira com a França. Em março de 1937, ao término da batalha de Guadalajara, os Republicanos ocuparam a região de Madri.
Em contrapartida os revoltosos, com apoio da aviação Alemã, Legião Condor, tomaram Bilbao, Santander e Gijón. Em julho de 1938, os Revoltosos venceram a batalha do Ebro, o que possibilitou a sua chegada à Catalunha. Entre fevereiro e março de 39 os Revoltosos lançaram sua ofensiva final e, a 28 de março, as tropas de Franco entraram em Madri, encerrando-se assim a guerra civil espanhola.
· Como pode ser visto, os primeiros ataques dos nazistas foram alvos importantes situados em Bilbao. Com a perda de Madri, os revoltosos necessitavam abalar, de alguma forma, os Republicanos. Para isso, adotaram a estratégia de bombardear, ininterruptamente, um alvo qualquer com bombas de fragmentação e incendiárias.

Assim foi estabelecida uma ditadura fascista que se prolongou até a morte de Franco, em 1975, 36 anos no poder.

POR QUE GUERNICA?

foto da Cidade de Guernica após o ataque da forças nazistas de 26 de abril de 1937.
saldo do ataque, que durou cerca de três horas,
foi de: 1.654 mortos e 889 feridos, ou seja,
para uma população de sete mil habitantes,
cerca de 38% dos habitantes da cidade foram mortos ou feridos.
O alvo escolhido, muito provavelmente por Franco, foi à cidade de Guernica. Essa escolha deve-se aos seguintes motivos:
Guernica não tinha população numerosa e nem proteção antiaérea, ou seja, a cidade era um alvo fácil;
A cidade abrigava um velho carvalho (Guernikako arbola). Sob o qual, desde os tempos medievais os monarcas espanhóis juravam respeitar as leis e costumes dos bascos. Destruir a cidade seria uma espécie de castigo a todos os que imaginavam uma Espanha federalista ou descentralizada. Destruir Guernica significava também abalar, moralmente, os adversários.




Em 4 de maio de 1939 a Prefeitura de Guernica, dirigindo-se ao povo espanhol, divulgou o seguinte comunicado:
"Em pé, diante desde microfone, quero contar o que os meus olhos viram no lugar do que já foi Guernica, e tomo Deus como testemunha: Envergonhados pelo monstruoso crime que cometeram, os rebeldes apelam para a falsidade para camuflar, para negar a mais vil das proezas da História, a total e absoluta destruição da cidade de Guernica. Aquele dia fatal, 26 de abril, era dia de mercado e a cidade estava cheia de gente. Em Guernica havia milhares de camponeses de toda a vizinhança, numa atmosfera de camaradagem basca, e ninguém suspeitava de que uma tragédia se aproximava. Pouco depois das quatro da tarde, aviões jogaram nove bombas no centro da cidade. Procurávamos os feridos, quando mais aviões surgiram, jogando todo tipo de bombas, incendiárias e explosivas. As feras que pilotavam tais aviões, logo que avistavam nas ruas ou fora da cidade uma figura humana, focalizavam nela suas metralhadoras, semeando terror e morte, entre mulheres, crianças e velhos. Tal foi a tragédia de Guernica, cuja verdade, eu, prefeito da cidade, afirmo diante do mundo inteiro. A Milícia estacionada em Guernica, naquele dia, era exatamente a mesma que havia confraternizado todos esses meses com o povo de Guernica, ganhando sua afeição. Foi a primeira a prestar auxílio naqueles momentos terríveis. Não foi nossa milícia que ateou fogo a Guernica, e se o juramento de um alcaide cristão e basco tem algum valor, juro diante de Deus e da História que aviões alemães bombardearam cruelmente nossa cidade até riscá-la do mapa." Guernica foi ferida, mas não morrerá. Da árvore brotarão novas folhas verdes em toda primavera; seus filhos a ela retornarão; suas casas serão reconstruídas, suas igrejas escutarão novamente seus hinos e preces... Guernica, o símbolo de nossas liberdades nacionais, e o símbolo da ferocidade do fascismo internacional, não pode morrer."
Fonte: História do Século 20, volume 4 - Abril Cultural

ETA – RESULTADO DA GUERRA CIVIL ESPANHOLA


Euzkadi Ta Askatana (ETA) significa na língua basca Pátria Basca e Liberdade. Essa organização nasceu como um movimento socialista fundado em 1959 a partir da atividade de vários grupos culturais e políticos que atuavam na sociedade.O desenvolvimento de uma política socialista e ao mesmo tempo nacionalista esteve vinculada a história mais recente do povo basco: durante a Guerra Civil Espanhola (1936-39) a maioria da população basca apoiou os republicanos, aliados naquele momento aos socialistas e anarquistas, provocando violentas represálias por parte dos fascistas, sendo que o episódio mais conhecido foi o bombardeio da cidade basca de Guernica no dia 26 de abril de 1937, quando a aviação da Alemanha nazista lançou bombas incendiárias, matando mais de 1000 pessoas. A ditadura fascista do general Franco reprimiu com grande violência todos os movimentos nacionalistas. No País Basco, o vasconço foi proibido assim como qualquer manifestação política ou cultural dos bascos. O Estatuto de Autonomia que havia sido aprovado pelas Cortes em 1936 foi suprimido. A repressão sobre os bascos contribuiu de decisivamente para o radicalismo no interior da ETA e na segunda metade dos anos 60 a organização passou a luta armada, tendo como alvo os membros do aparato de repressão. Sua ação mais espetacular foi o atentado que matou o Primeiro Ministro, Almirante Luiz Carrero Blanco, provável sucessor de Franco, em 1973. Durante a ditadura certos assassinatos políticos tiveram grande apoio popular.

ETA - Origem e hoje, prisão do líder

Em 1957, um significativo grupo de estudantes bascos, militantes do PNV (Partido Nacional Vasco), que viajaram para lá, a titulo de estudos, depois de entrevistarem-se com José Maria Leizaola, chefe do governo Euzkadi (Basco) no exílio, com quem se desentenderam, decidiram-se pela opção armada. Ao contrário de Leizaola, que não simpatizava com a linha da ação violenta, os jovens bascos acreditavam que com o apoio do proletariado, da nova geração que formava no estertor do franquismo, e num clero cada vez mais combativo era possível retomar as bandeiras do separatismo, dando-lhe uma conotação pró-socialista, ERA O INÍCIO DO ETA.Bartolomé Bennassar, ao analisar o caso basco ("Pais basco: génesis de una tragedia, in Historia de los españoles. Vol II, Cap. 12, 1989), identifica no desentendimento entre PNV e o ETA, um típico caso de conflito de gerações, onde os mais jovens rebelam-se contra o imobismo dos mais velhos, no caso, os integrantes do PVN (em sua grande maioria ex-veteranos da Guerra Civil de 1936-1939). Como não poderia deixar de acontecer, a nova geração estimulada pelos feitos revolucionários que então corriam o mundo (a Revolução Cubana ocorrera em janeiro de 1959), decidiu-se fundar, no dia 31 de julho de 1959, uma nova agremiação identificada com a luta armada revolucionária: o ETA (Euzkadi Ta Azkatasuna = Pátria basca e liberdade). Para arrancar o movimento autonomista do imobilismo em que e encontrava, decidiram-se por ações espetaculares contra o regime franquista. Além de ampla panfletagem e distribuição de jornais clandestinos, no dia 18 de julho de 1961 praticaram um atentado a bomba contra um trem carregado de veteranos franquistas em San Sebastian, dando início a fase mais violente da luta. Portanto, há quarenta anos que os atentados fazem parte do cotidiano dos espanhóis. O mais espetacular deles todos foi quando o ETA, ainda na época franquista, explodiu uma poderosa bomba no carro do Primeiro Ministro Almirante Carreiro Blanco, em Madri.
PRISÃO DO LÍDER NA FRANÇA
Autoridades francesas e espanholas anunciaram a prisão do suposto "número um" do grupo separatista basco ETA em uma ação na cidade de Bordeaux.
Francisco Javier Lopez Pena, ou "Thierry", descrito pelo Ministério do Interior francês como "uma figura histórica" dentro do ETA e pelas autoridades espanholas como o principal líderes do grupo, foi preso na noite de terça para quarta-feira, em um apartamento na cidade do sudoeste da França.
Na operação, foram presas quatro pessoas - três homens e uma mulher. A polícia também apreendeu pistolas e um computador.
Lopez Pena estava foragido há mais de 20 anos e acredita-se que, nos últimos dois anos, tenha assumido a responsabilidade pela estratégia política do ETA.

sábado, 17 de maio de 2008

Contador de Homicídios - Recife

Contador de Homicidios*
Registros do dia: 106
Registros do mês: 175
Desde 1 de janeiro de 2008 : 1694
*Atualizado diariamente ao meio-dia.
Fonte: http://www.pebodycount.com.br/home/index.php

JBS na Itália e Argentina

EXAME: Maior produtor mundial de carne, o grupo brasileiro JBS fechou acordo com a empresa italiana Cremonini, de forte atuação no mercado bovino europeu, para comprar 50% de uma de suas companhias, a Inalca, líder no setor de processamento de carne bovina na Itália.Pelo acordo, a JBS pagará 225 milhões de euros - o equivalente a 592 milhões de reais -, calculados com base num valor de mercado ("enterprise value") de 600 milhões de euros.O negócio reforça a estratégia da companhia brasileira de expansão das operações internacionais. Na aquisição mais recente a JBS comprou por 20 milhões de dólares o frigorífico argentino Col-Car, a sexta planta da empresa no país, onde ela ocupa a liderança no ranking do setor.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Hillary Clinton criticou a compra de uma processadora de carne por uma empresa brasileira


Da série "Populismo é bom e nós gostamos", episódio 12: em passagem ontem por cidadezinhas rurais da Dakota do Sul, Hillary Clinton criticou a compra de uma processadora de carne por uma empresa brasileira. "Eu me oponho ao negócio e, como presidente, aprimorarei a lei agrícola para impedir a consolidação" do setor, disse a ex-primeira-dama. A "farm bill" foi aprovada ontem.
O negócio a que ela se refere é a aquisição de divisão da Smithfield Foods, baseada na Virgínia, pela brasileira JBS-Friboi, por US$ 565 milhões. Isso faz da brasileira a maior produtora de carne dos Estados Unidos, à frente da gigante Tyson Foods, e acontece um dia depois de a brasileira anunciar a compra da National Beef Packing Co. por outro meio bilhão de dólares. O negócio depende ainda de aprovação federal.Outro político se queixou da operação, dessa vez o senador republicano Chuck Grassley. "Honestamente, não sei até onde [o Departamento de Justiça] vai deixar essas consolidações acontecerem. Agora, os produtores poderão vender seu gado para apenas três grandes empresas", falou, em comunicado.
Nessa eleição, o voto rural vale ouro. A Dakota do Sul realiza suas prévias no dia 3 de junho.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

LÍBANO - PARTE II


Guerra Fria -1982


No Começo da semana postei um breve histórico do Líbano, permitindo entender conceitos como Hezbollah, xiitas, sunitas, Síria e Líbano X Israel, EUA X Síria, então hoje quero retomar essa história voltando para o período da Guerra Fria, ok? assim podemos depois conectar os interesses dos EUA hoje em dia.
GUERRA FRIA
Na década de 1950, a Guerra Fria entre Estados Unidos(EUA) e União Soviética(URSS) reflete-se na política interna libanesa e soma-se a antigas diferenças étnicas e religiosas. Insurreições muçulmanas contra o presidente maronita, Camille Chamoun(pró EUA), eclodem em 1958, com inspiração nos regimes pró-soviéticos da Síria e do Egito. Tropas dos EUA desembarcam no país e provocam imediato protesto soviético. A crise é contornada com a substituição de Chamoun e a retirada norte-americana.
IGREJA MARONITA
A Igreja Maronita é uma igreja cristã, do rito oriental, em plena comunhão com a Sé Apostólica, ou seja, reconhece a autoridade do Papa, o líder Igreja Católica Apostólica Romana. Tradicional no Líbano, a Igreja Maronita possui ritual próprio, diferente do rito latino adotado pelos católicos ocidentais.O rito maronita prevê a celebração da missa em língua aramaica. Os maronitas tiveram vários de seus religiosos canonizados ou beatificados.

Hezbollah e governo do Líbano entram em acordo

15/05/2008 - 18h59
Governo e Hizbollah chegam a acordo no Líbano
Tariq Saleh, da BBC Brasil, em Beirute
A delegação da Liga Árabe anunciou nesta quinta-feira que um acordo foi alcançado entre o governo libanês e a oposição liderada pelo Hizbollah para encerrar a crise que levou o Líbano à beira de uma guerra civil.
Segundo Hamad bin Jassim bin Jabr Al-Thani, ministro de Relações Exteriores do Catar --que chefiou a delegação árabe-- as partes concordaram em continuar o diálogo na capital do Catar, Doha.
O Líbano enfrenta uma crise política que se arrasta há 18 meses e está sem presidente desde novembro de 2007, quando Emile Lahoud, que é a favor da Síria, deixou o cargo. Desde então o país não conseguem eleger um sucessor.
Segundo Al-Thani, as partes se comprometeram a voltar ao diálogo e discutir a eleição do novo presidente do país, novas leis eleitorais para 2009 e a formação de um novo governo de unidade nacional.
"Não há vencedores neste conflito", disse Al-Thani. "Precisamos ajudar o Líbano a solucionar a crise, e nós continuaremos pressionando por uma resolução".

Histórico do conflito atual no Líbano

Conflito
A recente crise começou quando o governo aprovou duas medidas que previam uma investigação da rede de telecomunicações do Hizbollah e a exoneração do chefe de segurança do aeroporto de Beirute porque ele seria simpatizante do grupo xiita.
As medidas provocaram a ira do Hizbollah, que respondeu com protestos por Beirute e outros pontos do país e que logo enveredaram para a violência, em batalhas entre milícias pró e anti-governo, em que o grupo xiita (e seus aliados) derrotou as forças governistas, ocupando todo oeste de Beirute.
Combates pesados entre as duas facções na capital Beirute, em Trípoli, no norte, nas montanhas e em outras cidades do leste do país levaram vários estrangeiros e libaneses a deixarem o país.
Beirute oeste chegou a ser ocupada pelo Hizbollah e aliados por dois dias, se retirando depois a pedido do Exército.
A onda de violência, que durou seis dias, deixou ao menos 65 mortos e 200 feridos, na pior crise interna do Líbano desde o fim da última guerra civil (1975-1990).
O Exército libanês posicionou tropas e blindados em diversas regiões do Líbano para tentar garantir a segurança da população civil.
O governo do Líbano acabou voltando atrás na quarta-feira, revogando oficialmente as duas medidas contrárias ao Hizbollah como forma de abrir o caminho para negociações e acalmar a crise.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Atos retomam discussão sobre cotas para negros

14/05/2008 - 02h31
da Folha de S.Paulo
Documento entregue ao STF (Supremo Tribunal Federal) defende manutenção de cotas como um mecanismo de inclusão social e afirma que proposta contrária ao sistema é "caminho regressivo". O documento tem 740 assinaturas e foi batizado de "Manifesto em Defesa da Justiça e Constitucionalidade das Cotas". Ele sustenta, entre outros argumentos, que a política corrige desigualdades raciais históricas no país.
A questão das cotas para negros em universidades ganhou fôlego nos últimos dias em razão de manifestações de grupos favoráveis e contrários à política.
As ações se concentram na Câmara dos Deputados, onde tramita projeto de lei que institui a política de cotas, e no STF (Supremo Tribunal Federal), que vai julgar duas ações diretas de inconstitucionalidade sobre o tema.
Ontem, defensores das cotas vão à Câmara pedir a aprovação do projeto --sem ele, são as universidades que decidem se adotam ou não o sistema, o que dá margem a contestações judiciais.
À tarde, foi entregue um manifesto com mais de 400 assinaturas ao presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, em que pedem a rejeição das ações contra as cotas. Entre os signatários estão o arquiteto Oscar Niemeyer e o ator Lázaro Ramos.
Leia aqui a íntegra do manifesto a favor das cotas e quem o assinou

terça-feira, 13 de maio de 2008

LIBANO - PARTE I - Risco de nova guerra civil. O que vc entende disso tudo?

mapa da região do conflito entre Israel e Líbano
Um conflito, o pior ocorrido internamente no Líbano desde a guerra civil (1975-1990), teve início neste mês depois de o governo decidir desmantelar a rede de comunicações do braço militar do Hizbollah. O grupo afirmou então que o governo havia declarado guerra.
A violência ocorre após 17 meses de impasse entre a oposição liderada pelo Hizbollah, que demanda maior poder no governo, e a coalizão governista. A disputa pelo poder paralisou o país e o deixou sem presidente desde novembro passado.
Os EUA acusam a existência de ligações entre o Hizbollah e a Síria e o Irã, e que começam a se manifestar na crise atual. Seriam grupos ligados à Síria.
Os confrontos envolvem apenas partidários xiitas e sunitas. Até o momento não foram registrados choques em áreas cristãs, ou entre grupos cristãos.
"Há combates entre partidários do Movimento Futuro, que é o principal partido da maioria parlamentar, de base sunita, e entre os dois grandes partidos de base xiita, que são o Hizbollah e o Amal.


VAMOS ENTÃO PENSAR:

1) COMO FOI ESSA GUERRA CIVIL DE 15 ANOS, QUE INTERESSES ENVOLVIAM?
2)O QUE É HIZBOLLAH? O QUE É AMAL?

3)POR QUE OS EUA ESTÁ ENVOLVIDO?

4)E A SÍRIA? E O IRÃ?

5)O QUE SÃO OS XIITAS E OS SUNITAS

SE PUDERMOS ENTENDER UM POUCO DESSAS QUESTÕES, PODEMOS ASSISTIR O JORNAL, EU CONFESSO QUE VOU APRENDER AGORA! NUNCA É TARDE, NÉ?

Líbano - Dados Gerais


LÍBANO:
DADOS GERAIS
Nome Oficial: República Libanesa
Área Geográfica: 10.452 km².
Fuso Horário: +5h
População (ano base 2005): 3.6 milhões de habitantes.
Taxa de crescimento anual: 1.0%População urbana: 60%.
População de emigrantes: 14 milhões (dentre os quais cerca de 7 milhões estão no Brasil).
Capital: Beirute (1.171.000 habitantes).
Composição: árabes libaneses (80%), árabes sírios (17,5%), árabes palestinos (1,5%), curdos e armênios (1%).
Religião: islamismo(59%), cristianismo (36,2% - sendo católicos 31,4%, ortodoxos 11,1%, protestantes 0,5%, outros 2%).
Língua: O Árabe é a língua oficial, mas o Francês e Inglês também são largamente difundidos. O Armênio também é falado por uma minoria.
Moeda: Libra Libanesa (1 US$ = 1512 Libras Libanesas/ cotado em agosto de 2007)
Divisão Administrativa: O país é dividido em 6 províncias (Mohafazats): Beirute (capital), Monte Líbano (capital Baabda), Norte do Líbano (capital Tripoli), Sul do Líbano (capital Saida), Nabatieh (capital Nabatieh) e Bekaa (capital Zahle).
Governo: O Líbano é uma república parlamentarista, possui regime democrático e sua Constituição é fundamentada sobre a separação dos poderes executivo, legislativo e judiciário. O Presidente é eleito pelo parlamento. Os deputados são eleitos pelo Sufrágio Universal.
Em 1998, foi eleito através do parlamento libanês o General Emile Lahoud, Presidente da República, 12º Presidente eleito após a independência, em 22 de novembro de 1943.

Ocupação Francesa


O atual território que corresponde ao Líbano atual é o berço da civilização fenícia.
Depois de muitas invasões foi tomado pelos muçulmanos entre 636 e 705. Em 1516 o Império Turco-Romano incorpora o Líbano.
Após a derrota dos turcos na I Guerra Mundial, o terítório correspondente à Síria e ao Líbano atuais fica sob o domínio francês.
A Constituição de 1926, orientada pela França, torna o país uma República Parlamentarista.
Durante a II Guerra Mundial, em 1941, a França concede independência ao Líbano, mas só se retira do território em 1947.

Relação Líbano-Síria

DAÍ VEM A RELAÇÃO ESTREITA COM A SÍRIA, POIS OS SÍRIOS CONSIDERAM O LÍBANO PARTE DE SEU TERRITÓRIO HISTÓRICO, " A GRANDE SÍRIA" , QUE FOI DESMEMBRADA PELA FRANÇA!
Após a independência da França, o primeiro governo independente da Síria é deposto por um golpe militar em 1949.
Com a aproximação entre Israel e Estados Unidos a Síria recebe armas da União Soviética.
O impasse se exacerba em 06 de outubro de 1973, dia de um feriado judaico, a Síria, com o Egito, ataca Israel, mas não obtém êxito na recuperação das colinas de Golã.
E a Síria sempre se mantém contra acordos de paz que beneficiem Israel.
A Síria está entre os países acusados pelo governo dos Estados Unidos de patrocinar o terrorismo. Embora reprima grupos islâmicos radicais em seu território, o país apóia organizações anti-Israel no exterior, como o movimento Hezbollaz ou o Hamas Palestino.
Em 2005, depois de 29 anos, a Síria retira seus soldados do Líbano.

Composição da religião na Síria:
islamismo 92,1%; cristianismo 5,2%, sendo 2,7% ortodoxos
Quando o governo sírio enviou tropas ao Líbano? E por quê?
Em abril de 1975, uma guerra civil colocou em confronto uma coalizão muçulmana (sunitas, xiitas e drusos), aliada dos palestinos, a uma aliança maronita cristã de direita. O exército libanês fragmentou-se em facções rivais, e o governo praticamente deixou de funcionar. Em 1976, diante da iminente vitória do bloco esquerdista, a Síria invadiu o país para defender os cristãos, mas a aliança destes com Israel levou os sírios a mudar de lado. Durante o conflito, a Síria trocou de aliados várias vezes e passou a dominar o território e as instituições libanesas. A Síria chegou a ter em território libanês mais de 40.000 soldados. Oficialmente a guerra civil terminou em 1990 e deixou saldo de 150.000 mortos.
O que o exército da Síria fazia no Líbano?
Teoricamente, com a quase inexistência do exército libanês, as tropas mantiveram a ordem e a paz dentro do país, além de garantir a segurança contra invasões.
Quem queria a saída dos soldados sírios do Líbano?
Os cristãos, sunitas, drusos, a oposição, e a comunidade internacional, capitaneada pelo presidente dos Estados Unidos George W. Bush (foto), que pedia o cumprimento da Resolução 1559 do Conselho de Segurança da ONU. O documento estipula a retirada total e imediata das tropas sírias e o desarme das milícias.

Colinas de Golã

Área estratégica que domina todo o norte de Israel, as Colinas de Golã são ocupadas pelos israelenses na Guerra dos Seis dias(1967) e anexadas em 1981.
Situam-se aí nascentes de rios, entre os quais o Jordão, o mais importante dessa região desértica.
Israel constrói colônias judaicas em Golã, e a Síria, para pressionar a devolução, dá suporte ao grupo guerrilheiro islâmico Hezbollah, que, do Líbano, ataca o norte israelense.
A Síria se recusa a aprovar qualquer acordo de paz ou a normalização das relações com Israel a menos que as colinas sejam devolvidas ao controle sírio.

Hezbollah ou Hizbollah


O HEZBOLLAH, (Hizbollah, Hezbollah ou Hizbullah) que significa "Partido de Deus", em árabe, é um grupo dundamentalista islâmico libanês do ramo xiita, vinculado à Síria e ao Irã. A exemplo do Hamas, nos territórios palestinos, combina um amplo trabalho social entre a população e posições radicais contra o Esado de Israel.
O grupo manteve sua base no sul do Líbano, após o fim da Guerra Civil (1975-1990), e se enraizou na população local. Para muitos libaneses, o Hezbollah foi o único que assumiu a defesa contra os soldados israelenses que ocupavam essa faixa do território do país. A manutenção dos ataques do Hezbollah contra as tropas de Israel causou muitas baixas e elevou as críticas entre os próprios israelenses quanto à manutenção dessa ocupação. Em 2000, Israel decide retirar-se do sul do Líbano.
Do ponto de vista ideológico, o grupo inspira-se na Revolução Islâmica iraniana de 1979, liderada pelos xiitas. O armamento do Hezbollah, que o governo de Israel e dos Estados Unidos atribuem ao Irã, fez do grupo uma poderosa organização militar, como demonstrou nos combates contra Israel em 2006. Sua força, até mesmo no plano eleitoral, decorre também do atendimento que presta às pessoas carentes, por meio de construções de escolas, ambulatórios e creches.
O Hezbollah conta com cinco hospitais, 43 clínicas e duas escolas de enfermagem. Segundo a ONU, ao menos 220 mil pessoas em 130 cidades libanesas se tratam nesses locais. O Hezbollah possui 12 escolas com sete mil alunos e setecentos professores e centros culturais franceses auxiliam no aperfeiçoamento do corpo docente.

ISLAMISMO

Texto do livro o qual mencionei abaixo, Atlas das Religiões
Verde escuro: 80% ou mais
Verde claro: 50 a 79%
Laranja mais escuro e mais claro: menos de 10%

Há 1,34 bilhões de muçulmanos, ou 20% da população mundial. O islamismo é a religião oficial de 25 países.
As duas principais tradições do islã são o sunismo e o xiismo. Após a morte do profeta Maomé, a liderança da comunidade muçulmana se transmitiu a uma série de Califas("sucessores). Em meados do século 7º, no caleifado de Ali(genro de Maomé), alguns passaram a acreditar que a liderança da comunidade deveria ser hereditária; eles ficaram conhecidos como xiitas("os partidários de Ali"). Mas a maioria afirmava que os califas deveriam ser democraticamente eleitos, consoante a Suna, que são as máximas e os costumes estabelcidos pelo profeta: esses são os sunitas. Hoje há mais de 1,1 bilhão de sunitas, que constituem maioria em grande parte dos países islâmicos. Os xiitas são 124 milhões e têm maioria no Irã, Iraque, Bahrein, Azerbaijão e Iêmen.
Tanto entre sunitas quanto entre os xiitas, há várias tradições e várias escolas de interpretação da lei islâmica. Estão muito disseminadas as escolas sunitas, como a maliquita, que domina a maior parte da África muçulmana. No xiismo, há tradições mais localizadas, como os alauístas e drussos ma Síria e no Líbano.
A tradição ibadita teve origem nas décadas imediatamente posteriores à morte de Maomé, antes da cisão entre sunitas e xiitas. Pequenas comunidades de ibaditas(que são predominantemente beduínos) são encontrados nos desertos da Arábia, no Iraque e no norte da África.